Publicado con autorización de Lua Nova: Revista de Cultura e Política ISSN 0102-6445 n.82


“Facts and illusion are equivalents... trying to weed one out in favor of the other is
dealing with an incomplete situation.” (Fred Sandback, Catálogo de exposição no Museu Dia: Beacon, Beacon, NY, 2011).

1. Propósitos


A partir da década de 1970, o Brasil, do ponto de vista dos que produzem, aprendem ou, simplesmente, consomem conhecimento político sistemático, deixou de ser interpretado e passou a ser explicado por enunciados com pretensão à demonstração. Entre a interpretação e a explicação, o passo pretendido é gigantesco. Por certo, a legião de autores que, desde a implantação do Estado Nacional brasileiro, nos idos de 1822, buscou interpretar o que se passava no país possuía pretensões à explicação, posto que não constituída por nefelibatas puros. Da mesma forma, poderá ser dito que qualquer pretensão explicativa, por mais ingênua que possa ser a candura de sua auto-apreciação, jamais fugirá dos limites e das possibilidades estabelecidos por modalidades de interpretação. A distinção, pois, entre interpretação e explicação é, no limite, insustentável em termos conceituais. Se assim o é para o plano das definições categoriais, o mesmo não se dá no plano da afirmação de campos cognitivos. Nessa medida, há uma demarcação clara entre o que hoje designamos como “intérpretes do Brasil” e o que, a partir da década de 1970, se definiu, entre nós, como o campo de uma ciência da política. Sob o rótulo genérico de “pensamento político brasileiro”, um conjunto variado e expressivo de esforços cognitivos se transforma em objeto de história intelectual, enquanto que o corpo conceitual da nova ciência é tomado como condição para a inteligibilidade do mundo político.

No limite, não se trata mais de ler os “intérpretes do Brasil”, para neles buscar explicações a respeito do que é o país. Com frequência, o caminho é o inverso, são eles é que exigem o ser explicados, agora como objetos de uma história intelectual. Os “intérpretes” reemergem como assunto de história das idéias e não mais freqüentam o núcleo da explicação a respeito do que é e deve ser o país.

Este ensaio parte de uma reflexão a respeito da passagem entre esses dois momentos do conhecimento político no país. Mais do que simples sucessão de autores e teorias, sugiro a presença de uma transfiguração profunda no modo de falar a respeito dos fenômenos políticos. A direção assumida, a partir dos anos da década de 1970 foi a da afirmação de uma ciência positiva da política, depurada das confusões “normativas” do campo das Humanidades e progressivamente afastada das demais ciências sociais, em nome da defesa de uma autonomia e de uma distinção de seu objeto.

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